segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Chuva de papel

A sensibilidade de uma chuva de folhas de papel caindo sobre a pele de alguém se torna mais intensa quando esse alguém não enxerga. Aliás, não possui o sentido da visão em condições adequadas. Enxergar, essa pessoa, pode enxergar, talvez até mais do que uma outra com a visão perfeita. Enxergar mais, não com os olhos, mas com o coração, com o sentimento. Enxergar mais da mesma forma que sente mais e melhor essa chuva de papel caindo na pele. Perceber essa chuva não é para qualquer um. Percebe-la de verdade requer sensibilidade para sentir cada toque áspero do papel. Perceber o vento, o ar em movimento. Perceber que existe ali uma força, que é invisível mas que se torna divinamente visível através do papel dançando no ar. Enxergar e sentir o contato com a natureza e com o mundo exterior precisa muito mais do coração do que dos olhos.